sábado, 31 de maio de 2008

DESDÉM

Já estou mais do que convencida da tua falta de me querer
Tudo bem!
Não te quero também

teu gozo não sacia o meu
Gozas nas entre linhas
Enquanto eu
Sou corredeira abaixo

Tua constante afirmação é pra convencer a quem?

Ti elegi o meu obscuro objeto de desejo
Só pra compor os meus versos
E para isso
Faço chover
Molho você
Só pra brotar em mim estas palavras
- Sem nexo ou complexo -
Que necessito para existir

Não te ofendas
Te uso sim
Quantas vezes me der na telha.

Alimento minha alma poética
Como parasita fosse
Desta tua indiferença

Pobre de ti que não possui musa inspiradora
Morres a cada dia
Engasgado com tuas decepções
que derramam, como ladrão

Tens o registro enferrujado
Emperrado pela razão.

Gozo a expectativa de te ver todos os dias
Com essa carinha de índio
Sem tupã
Que perdeu o 19 de abril

E,quando te vejo
Acende em mim esse desejo
De amar e não querer você
Aí então
Eu escrevo
Eu escrevo
Eu escrevo...
já estou mais do que convencida da tua falta de me querer
Tudo bem!
Não te quero também


3 comentários:

Unknown disse...

Nadia , se eu nao soubesse da sua capacidade de expressar -se na intergra, dizia q essa nao era vc. Parabens!

ZÜRCK disse...

Você sabe o que eu penso do tua obra poética e até o que penso de você. Você sabe quais são meus sentimentos e suas dimensões em relação a tua poesia bem como em relação a tua enebriante pessoa, mas é sempre bom repetir: Você foi a estrela única, mais linda e mais próxima que eu orbitei e orbito (se este verbo não existe acabei de inventá-lo), e eu sou testemunha física de todo este teu processo de crescimento enquanto pessoa, mulher e poeta e sei que fui e me orgulho muito disso, uma espécie de instrumento possibilitador/catalizador desse processo complexo e belíssimo de tua transmutação daquela Nádia, que já era grande, a essa gloriosa, iluminada e solar, uma Nádia que em sendo uma, a cada momento do dia ( manhã, tarde e noite) é outra, portanto uma Nádia que são três e com três belezas distintas, que tenho diante de mim já a algum tempo e não me canso, nem cansarei nunca de observar até o êxtase.
Ouço você recitar-me suas poesias e nunca me canso de ouvir te. Leio e releio tuas poesias e nunca me canso e sempre novas me soam e sempre novos sentimentos me causam, sentimentos estes nunca experimentados anteriormente, e cada volta que dou em torno de ti é uma viagem fascinante nessa tua corajosa estética feminina que, por seus humores, cheiros, pêlos, gemidos e gozos, me agrada bastante e intensamente.
Minha querida mulher, fêmea, poeta, já não posso esconder, preciso dizer te: Te amo!

ZÜRCK disse...

“I CAN’T GET STARTED” *
para Nadia

Sei que te lembras das nuvens
e das estrelas,
como notas porosas do
contra-baixo de Mingus,
acima, nesta imensidão.

Sei que te lembras do mar
e das estradas que nele iam dar
e eu a falar-te
com voz baixa durante a noite
(e no coração também notas
em stacatto e porosas sussurrando
a sagrada canção da infinitude)
e teu corpo oscilando como o mar,
enquanto a noite devorava automóveis lá fora.
Hoje sabemos: o sol deste dia não é eterno,
não obstante, podemos ver nisto tudo sentido.




TE AMO!
CARLOS ZÜRCK