sábado, 31 de maio de 2008

DESDÉM

Já estou mais do que convencida da tua falta de me querer
Tudo bem!
Não te quero também

teu gozo não sacia o meu
Gozas nas entre linhas
Enquanto eu
Sou corredeira abaixo

Tua constante afirmação é pra convencer a quem?

Ti elegi o meu obscuro objeto de desejo
Só pra compor os meus versos
E para isso
Faço chover
Molho você
Só pra brotar em mim estas palavras
- Sem nexo ou complexo -
Que necessito para existir

Não te ofendas
Te uso sim
Quantas vezes me der na telha.

Alimento minha alma poética
Como parasita fosse
Desta tua indiferença

Pobre de ti que não possui musa inspiradora
Morres a cada dia
Engasgado com tuas decepções
que derramam, como ladrão

Tens o registro enferrujado
Emperrado pela razão.

Gozo a expectativa de te ver todos os dias
Com essa carinha de índio
Sem tupã
Que perdeu o 19 de abril

E,quando te vejo
Acende em mim esse desejo
De amar e não querer você
Aí então
Eu escrevo
Eu escrevo
Eu escrevo...
já estou mais do que convencida da tua falta de me querer
Tudo bem!
Não te quero também


OCORRÊNCIA nº 2

... numa contra dança com o noivo da quadrilha;
na passeata de agosto na Rio Branco;
na fila quilométrica do Metrô do Rio,
podia ter acontecido a qualquer hora do dia.

Podia ter sido a qualquer hora do dia,
mas foi justamente à noite,
quando mariposas embriagadas de néon,
espatifam-se nas vidraças do tempo.
Quando as fêmeas são ainda mais frágeis,
nas longas horas perdidas,
desamparadas do amor.

Mas foi justamente à noite,
quando os lençóis estão frios,
a madrugada vem sem te esperar dormir.
E o leite morno do delírio seu
inunda a fria cama sem Orfeu.

... na Cinelândia, rolando "É tudo verdade";
virando o ano em Copacabana;
no Maison de France vendo Bacamarte,
podia ter acontecido a qualquer hora do dia.

Podia ter sido a qualquer hora do dia,
mas foi justamente à noite,
na esquina da madrugada,
quando o cantador sai à caça
das presas oferecidas...

sábado, 17 de maio de 2008


QUEM VAI PARAR A CHUVA?


Mesmo que a chuva não pare

Vou dançar está canção: Je T'aime... Moi Non Plus

Ainda acredito no blues

E também não tenho nada a perder

Sei que o blues é mágico

E alguns homens são bons

Também fui tocada por esta fábula

E já fui a primeira felicidade do dia

(A amaldicionada sou eu)

Ingenuamente tentei amarrar o vento

E desejei algo pra esta noite

Colhi em mim a tempestade

Bati minha cabeça nas rochas

Vomitei palavras e sons

Alimentei sonhos, fantasias

Pensando que a canção era pra mim

Não importa

Mesmo que a chuva não pare

Vou dançar esta canção: Je T'aime... Moi Non Plus

Mesmo que não tenha sido feita por mim

Continuo acreditando no blues

E sei que és bom

(Sou eu a amaldiçoada)

Atraí a tempestade

Enfureci os deuses

Me apaixonei por Aquilon

Me acreditando felicidade

Bati nesta porta

Tentei ser bailarina

A garota mais bonita do baile

As luzes não estavam acesas

(Sou uma maldição)

Mesmo que a chuva não pare

Vou dançar esta canção: Je T'aime... Moi Non Plus

Não consigo parar

De tanta mágoa, virei água

Estou chovendo no ar

E mesmo que não pare

Vou dançar está canção: Je T'aime... Moi Non Plus

Desejar está noite

Acender as luzes do céu

Ofender os deuses do Olimpo

Raptar Aquilon pra terra do nunca

Para amá-lo uma única vez

Mesmo que a chuva não pare

Esta canção dançarei :

Je T'aime... Moi Non Plus

domingo, 30 de março de 2008

Vou retirar-me de ti
Só pra morrer um pouquinho
O meu cio não combina com o teu
Vou rolar nas pedras do cais
Qual louca gritar terra à vista
E lançar-me ao mar
Vou beber espumas
Do champanhe que não brindamos
Vou sangrar minhas entranhas
Na cova do lobo
E uivar até me ouvires
Vou entregar-me ao primeiro
Que esmolar minha atenção
E vou morrer
Morrer de amor para te humilhar
Envergonhar-te e calar-te
Apagar o teu sorriso menino
E torná-lo cretino
Para expurgar-te de mim